Dados de pesquisa incentivada pelo CNPq registram alterações sensíveis nos hábitos alimentares das mulheres brasileiras durante a pandemia da Covid-19. O estudo, de autoria da Profa. Carolina Nicoletti Ferreira Fino, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, e do Prof. Bruno Gualano, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, analisou reações e sensações relacionadas às dietas na quarentena e em virtude do isolamento social.
“Formamos o grupo com o seguinte critério de inclusão: pessoas do sexo feminino, com idade igual ou superior a 19 anos, de todo o território nacional. Isso porque em geral elas são mais focadas em adotar uma alimentação saudável e mais propensas ao ‘comer emocional’” explica Carolina.
A pesquisa ocorreu via plataforma do Google Forms. O questionário abrangia desde aspectos socioeconômicos a costumes referentes às práticas alimentares.
Delivery
Os principais resultados mostram considerável aumento no consumo de comida pronta de delivery (+146%). Entre os pratos mais solicitados: comidinhas caseiras, doces e pizza. Porém, também se observou um boom na arte de cozinhar (+28%) e de sentar-se à mesa para as refeições (+40%).
Mulheres na faixa do chamado peso-padrão (eutróficas) se referiram mais comumente a questões como “saúde” e “conforto afetivo” como determinantes em suas escolhas. Àquelas com sobrepeso, foram preponderantes “prazer e conveniência”, além de “saúde”. O grupo considerado obeso citou especialmente “apelo visual” e “prazer” como base de tomada das decisões alimentares.
“Com a pandemia do novo coronavírus e em função do isolamento social, também há complicadores potenciais à luta contra a balança de origem social: a pobreza e eventual desnutrição, a elevação do consumo calórico e o sedentarismo, que certamente provocam obesidade”.