Mais do que uma simples dor de cabeça, a enxaqueca pode atrapalhar a rotina de quem sofre com as constantes crises de cefaleia e indisposição por causa da dor. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença está entre os problemas mais incapacitantes do mundo e afeta cerca de 15% da população brasileira.
A dor pode ser episódica ou crônica, e a doença pode ocorrer com aura ou sem aura. Segundo o neurologista Fernando Kowacs, coordenador do Departamento Científico de Cefaleia da ABN (Academia Brasileira de Neurologia) e membro associado da Sociedade Brasileira de Cefaleia, as crises podem ser acompanhadas não só de dores de cabeça, mas também de náusea, vômito e sensibilidade à luz, ruídos e cheiros.
A própria dor tem suas características: normalmente é latejante, de um lado só da cabeça e pode piorar com o movimento. Lembrando que não necessariamente todos esses sintomas precisam aparecer ao mesmo tempo. A enxaqueca típica pode ter duração de 4 horas até 3 dias e quando acontece em mais de 15 dias por mês é chamada de enxaqueca crônica.
De acordo com o Kowacs, há um tipo especial de dor de cabeça, a enxaqueca com aura. Ela é caracterizada por uma alteração visual característica, em que a pessoa fica momentaneamente com manchas na visão, além de formigamentos na lateral do corpo e dificuldade na fala, geralmente antes de apresentar a crise.
O neurologista ainda lembra que as causas da doença são genéticas. “Em 80% dos casos, a gente consegue identificar um familiar com o problema, então a grande maioria das pessoas com enxaqueca têm algum familiar com enxaqueca. Não existe dúvida nenhuma de que a base da enfermidade seja genética”.
É por isso que o diagnóstico da enxaqueca é feito de maneira clínica, através da análise do histórico familiar do paciente. Alguns fatores como má alimentação, mudança no clima, estresse, falta de sono, álcool, entre outros, podem servir como gatilho e desencadeante da crise. A pessoa com enxaqueca tem uma sensibilidade maior, assim, pequenas mudanças na rotina diária podem resultar em crises de dor.
As mulheres, na faixa da adolescência até os 50 anos, são as que mais apresentam o problema. “Para cada homem com enxaqueca, tem 3 mulheres com a doença. A tendência é de diminuir a prevalência da enxaqueca com o avanço da idade. Geralmente para as mulheres, o problema melhora depois da menopausa”, explica o neurologista.
Infelizmente, não há cura para a doença, mas, de acordo com o médico, o melhor tratamento é o preventivo, já que ele pretende diminuir a frequência e o número de crises e aumentar a qualidade de vida do paciente através de remédios específicos.
“Manter uma rotina de sono regular e fazer atividade física aeróbica também podem ajudar no tratamento. É preciso ter uma rotina o mais tranquila possível”.
Para as mulheres com enxaqueca com aura, Kowacs indica evitar a utilização de contraceptivos orais combinados, já que essas mulheres têm riscos maiores de acidente vascular cerebral.
Outra medida, que pode ser tomada em casa é a prática de compressas geladas ou mornas durante a crise. No entanto, isso não é o suficiente, é necessário o uso de medicamentos, sempre com acompanhamento médico para que dê resultados.