Riscos cardíacos por tratamento oncológico

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Riscos cardíacos por tratamento oncológico

Nos últimos anos, os especialistas observaram os danos cardiovasculares provados pelo tratamento contra o câncer. A preocupação em torno dos efeitos adversos e a necessidade de expandir o conhecimento nestas situações correlatas resultaram na criação de uma subespecialidade médica: a cárdio-oncologia, que zela pela qualidade de vida de quem enfrenta o câncer e de quem sobrevive a ele por longos anos.

O progresso contínuo da oncologia, desde a década de 1990, permitiu que os pacientes vivessem mais. No passado, o arsenal terapêutico se limitava a cirurgia, radioterapia e quimioterápicos. Atualmente, o paciente é submetido a sucessivas combinações de drogas. O lado ruim: a maior exposição a diferentes medicamentos pode comprometer a saúde do coração. A lógica é simples: mais drogas, mais efeito tóxico, mais dano cardíaco.

Tudo se acertou entre as duas especialidades com o lançamento da primeira diretriz nacional de cárdio-oncologia, em 2011. Os mais influentes profissionais das duas áreas se reuniram para avaliar as agressões cardíacas provocadas pelo tratamento oncológico, baseados nas melhores evidências científicas internacionais. Chegaram a um consenso adotado por profissionais em todo o Brasil. Assim, começou uma cultura nacional de atenção cardiológica entre os oncologistas.

 
 

O documento ressalta que os danos mais comuns são efeitos das drogas antigas. Um exemplo é a doxorrubicina, que faz parte da família dos antracíclicos. Ainda hoje, esse é o quimioterápico mais usado contra os tumores de mama, a leucemia e o linfoma. Em até 26% dos pacientes, o coração perde a capacidade de bombear sangue em volume adequado – a chamada insuficiência cardíaca. A agressão tóxica compromete o tecido cardíaco. Em grande parte dos casos, a lesão é irreversível. As consequências vão de cansaço e falta de ar à morte.

A busca por recursos capazes de blindar o coração dos pacientes submetidos ao tratamento do câncer é intensa. Pesquisadores ainda não chegaram a criar grandes drogas de prevenção de complicações cardiovasculares sem reduzir a eficácia antitumoral. Esse é mais um motivo para que os médicos conheçam e sigam novas diretrizes.

No Brasil e no exterior, fora dos grandes serviços especializados, é comum que os médicos sejam surpreendidos pelos efeitos adversos. Os problemas cardiovasculares provocados pelo tratamento do câncer são a segunda causa de morte desses pacientes – atrás apenas da recorrência do próprio tumor.

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